domingo, janeiro 25, 2004

Livros sobre Santa Maria

Quem lida comigo numa base diária, sabe da obsessão sobre Santa Maria. A propósito de tudo e de nada lá encontro um exemplo que tem de se relacionar com a ilha mariense. Talvez para me calarem, «de vez em quando», lá me pedem um livro com informação ou com «coisas» sobre Santa Maria...Nunca sei muito bem o que recomendar e por vezes - quase sempre - não existem traduções.

Gosto muito do livro(s) do saudoso padre Jacinto Monteiro, tenho uma admiração profunda pelos livros de Jaime de Figueiredo e leio sempre com muito prazer o que o senhor Adriano Ferreira tem publicado. Agora, pergunto, não estará na altura ( e se já existir tenho de assumir ignorância tonta) a publicação actualizada de uma colecção de autores de Santa Maria ou que se tenham relacionado com Santa Maria ? Para além dos autores que citei, sugiro as obras poéticas dos senhores padres Serafim de Chaves, Lopes e da extraordinária Madalena Férin ( existem muitos mais obviamente).

E claro, faltará a publicação de uma história contemporânea de Santa Maria, provavelmente a parte mais expressiva da história açoriana da primeira metade do século XX, etc, etc. Reduzir a história de Santa Maria a umas páginas de guia para turistas é quase anedótico...

Uma das vantagens deste e outros «blogs» sobre Santa Maria poderá ser ainda o «arquivar» uma memória da ilha . Por outras palavras, depositar e criar neste mundo dito virtual também os livros sobre Santa Maria que faltam ou não estão disponíveis no mundo «físico».

Concordo totalmente com a excelente ideia do Ricardo sobre a antiga fábrica. É na cultura que Santa Maria se distingue!
António João Correia

quinta-feira, janeiro 22, 2004

Conversa

Depois de ler o «post» do "fogotabrase" sobre as ligações aéreas entre Santa Maria e Lisboa, gostaria de dizer o seguinte, em repetição do que escrevi em alguns jornais:

a) A vontade política do Governo Regional ( deste e anteriores) no progresso de Santa Maria foi sempre putativa, sendo um tema para alegrar sessões de esclarecimento e vagos programas eleitorais; Santa Maria não pesa no «xadrez» da política regional e apenas tem direito a migalhas, muitas vezes como esmolas;
b) Bastava uma decisão. Política, mas era uma decisão que fazia e faz sentido para as ligações directas com o exterior da Região, também a partir de Santa Maria ( que é quem tem mais história nesta matéria);
c) Os legítimos representantes da ilha aparentam não ter qualquer tipo de influência; invisíveis, certamente com boas intenções, mas sem resultados. Anos e anos assim.
d) Este Secretário da Economia, com o apreço pessoal que tenho por ele, pura e simplesmente é uma nulidade política. Ninguém pode fazer caso das suas decisões políticas, pois não existem. Não faz nada. Mais do que ridícula é uma real tristeza.
e) Os marienses, os marienses que vivem a sua ilha, independentemente dos partidos, organizações, ideologias têm de se unificar naquilo que mais importa. Só com uma voz organizada e credível é que terão alguma coisa. Se ficarem esperando pelos políticos, bem, é melhor que fiquem sentados.
António João Correia

quarta-feira, janeiro 21, 2004

Aqui está a primeira proposta, vinda da Velha Maluca, em resposta ao desafio lançado. Em minha opinião, superou as melhores expectativas, pelo que, a fasquia está colocada bem alta.
Agora é só continuarem e pôr a imaginação a trabalhar.
Claro que no final para reclamar o prémio será necessário o bloguista se identificar, como é evidente.

segunda-feira, janeiro 19, 2004

Não sei se é por ter sido fim de semana, ou se a preguiça atacou os bloguistas marienses esta última semana.
Para marcar o "ponto" aqui no Olhometro, aqui ficam mais duas sugestões para GT. Do Karolas, lembram-se?
Pois é, segundo a mentora do projecto Karolas, Mitó, aqui ficam mais duas hípoteses:
"Também pode ser Grande Treta se a coisa não correr bem ou Grande Teta se começar a dar lucros .... enfim GT é como a vodafone ... dá para tudo ....."
Lanço aqui um desafio em jeito de concurso: Aceitam-se propostas para as iniciais GT. O Prémio será uma entrada grátis para a "revista".
Aqui fica a proposta.

sábado, janeiro 17, 2004

Boas notícias

Uma boa notícia o regresso do teatro a Santa Maria! Com grandes tradições, era através do teatro que o nosso povo se divertia até ao aparecimento de «coisas» mais modernas como o cinema, que terá começado, salvo erro, em «cima-da-rocha» antes dos anos quarenta.
Seria importante que se fizesse uma recolha dos textos e músicas que eram utilizados ( e escritos), nomeadamente aqueles que tinham origem numa riquíssima tradição oral, talvez anterior ao século XIX.
Acredito que é na cultura que Santa Maria pode e deve fazer a diferença. O fenómeno da imitação por baixo, seguindo a moda «pimba» que reina nestes Açores não serve Santa Maria.

Só agora li o "Baluarte" de Dezembro ( viver transitoriamente no Oceano Pacífico tem destas coisas). A coisa melhorou. Dizem-me os meus «informadores» que o número de Novembro era reforçado na tendência devido a uma visita do Governo Regional. O pragmatismo mariense...Até nos alegados defeitos apetece abraçar Santa Maria.

Resistir
Estava curioso, mas elucidaram-me.
Já o ET tinha referido, aqui mesmo no Olhometro, aquilo que eu também calculei que fosse.
Mas, aqui vaí o esclarecimento recebido por e-mail da mentora do projecto Karola.GT:
"Boa pergunta ..... GT significa Grupo Teatro mas também serve para Gente Teimosa, Grande Trabalho ( no sentido de volume). E mais não disse porque de momento não me alembrei . Obrigado pela publicidade. "
Mitó
E eu acrescento e sugiro: Grandes Talentos!
Nesta minhas deambulações pela Blogosfera, acabei por ir parar a uma página, deveras interessante.
Trata-se de um inquérito sobre blogs e bloguistas, realizado por uma estudante de Doutoramento do prestigiante MIT. O inquerito, realizado on-line, constituirá a base do trabalho a apresentar .
Dado o crescente fenomeno dos Blogs, será de todo o interesse podermos contribuir desta forma para o seu estudo. No final do inquérito, há a possibilidade de solicitar o envio dos resultados desse estudo, o qual será também interessante.


quinta-feira, janeiro 15, 2004

"Foi criado oficialmente, e na sequência da revista È DE GRITOS , no dia 10 do corrente, o Grupo de Teatro Karolas.GT , que integra o núcleo cultural do Clube Ana . Já estamos a trabalhar no próximo espectáculo e também já temos uma pequena digressão agendada. Portanto, esperemos que o Teatro renasça com força na nossa Ilha."
Excelente inicíativa, que desde já se sauda com votos de grandes sucessos.
Há, porém, uma coisa que me está a deixar curioso. Karolas, sabemos o que são e quem são, mas o que significa "GT"?
Elucidem-me, para podermos partilhar aqui, na Blogosfera.
Botafaladura

quarta-feira, janeiro 14, 2004

Santa Maria ou a concepção poética do abandono

Santa Maria também é moldada por mitos que ainda não conseguiu, ou não desejou, abandonar: o mito do aeroporto, como factor de progresso e riqueza; o mito da emigração, como exemplo de liberdade, oportunidade e independência económicas; o mito do poder político como Messias.
O aeroporto colonizou a ilha, obrigando a perceber que as fronteiras de uma certa ideia de modernidade poderiam ser abertas. Durante dezenas de anos foi o expoente da verdade mariense sobre o futuro. Qualquer destino só poderia passar pelo aeroporto. Criou-se a típica dependência, dolorosa, tendo em conta que as alternativas nunca foram sérias.
O mito da emigração mariense é muito antigo, violentamente anterior ao século XIX. Do Brasil à corrida do ouro na Califórnia, é no sonho da partida que se realizará a construção de uma liberdade de acção, a oportunidade de fugir ao destino e a utopia de voltar um dia. Assistir a um império em Hudson, diz-nos mais sobre a verdade poética de Santa Maria do que qualquer amante apaixonada.
O poder político se é confuso sobre Santa Maria, estranho com as suas gentes, quase sempre mal preparado, foi gerindo alvoroços, tentando imitar o fenómeno português da cultura do desmazelo. Também aqui se inventou uma subordinação, novos expedientes de adiamento, pecado com misérias e glórias pouco claras.
Ilustres marienses: o que falta para se cumprir Santa Maria?
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segunda-feira, janeiro 12, 2004

Política partidária

Não concordo totalmente com o interessante «post» do Paulo Henrique sobre o notável desempenho da Câmara Municipal de Vila do Porto. O facto de só agora começarem é um acontecimento que merece festejos e até a contratação de algum estudo internacional, uma festa com algum cantor «pimba», uma sessão contínua de auto galanteios. É que habitualmente a lentidão dura anos, anos e anos.
Para mim será sinal de outra coisa: as lutas fratricidas para os lugares de deputado do PS por Santa Maria regressaram às análises da política local. Percebe-se, pois, que existe a ambição legítima de uma(s) transferência da Câmara para o lugar elegível de deputado. É que a Câmara ainda dá algum trabalho(?) e responsabilidade. Como deputado, basta ir receber o salário e a «justa» reforma.
O velho caciquismo do século XIX português, tem na política mariense, um campo de amizade exemplar!
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domingo, janeiro 11, 2004

Criminosos na estrada

Como no mundo bloguista mariense existe uma certa apreensão para a fiscalização que se faz nas estradas da ilha, aqui fica o meu contributo com votos para que a PSP faça mais e melhor....
No Verão de 2002, pela meia-noite, regressava da Maia em direcção a Santo Espírito, como se sabe uma estrada algo complicada. Bem, eis quando vem na minha direcção um carro totalmente descontrolado, certamente a mais de 80 km à hora ( a descer a Maia!!!). No último segundo virei para o muro mas não evitei um toque que me arrancou o espelho retrovisor, ofereceu vários riscos na pintura e um susto. O pior viria depois: um carro com cinco jovens totalmente alcoolizados, de garrafas de cerveja e whisky na mão, em festa, apresentando-se um deles como sacerdote na ilha, o que ainda hoje não acredito. Não sendo propriamente conservadores, eu e a minha esposa, ficamos literalmente «a rezar» para que a polícia e os tribunais tenham coragem de tirar estes criminosos da estrada.
Não é contra o beber, é contra o conduzir embriagado e em impunidade!

sexta-feira, janeiro 09, 2004

Temas rápidos sobre Santa Maria. Exageros ?

Negativos:

A irrelevância dos políticos locais na angariação de influências para Santa Maria.
O caciquismo quase jacobino como escola de sucesso político e económico.
Critérios na feitura das obras públicas ( um mistério).
Qualidade da água ( outro mistério).
Ligações com o exterior. Sempre o mesmo. Os mais estranhos horários, especialmente nas ligações marítimas de Verão.
O Verão. É sempre a mesma conversa, mas ganhará Santa Maria com a invasão massificada, «agostiana», da classe média baixa de São Miguel ?
Iniciativa privada ? Esperam pelo Governo ? Pelo favor ? O jeito ?
Serviços médicos. Nada muda ? Diagnósticos pelo telefone ?
Preços aos consumidores. Os transportes não justificam tudo. A vida em Santa Maria é cara. Talvez das mais dispendiosas em Portugal.
Oposição a dias. Desconhecida. Ocupa-se da estética dos muros escolares ? E o resto ?
O jornal Baluarte como o mais socialista dos jornais socialistas que são conhecidos na galáxia em que vivemos ( e eu leio sempre o Baluarte e até sou de esquerda, mas aquilo é demais!)

Positivos:
A melhor ilha do mundo e, bem vistas as coisas, tudo se resolve.
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Os exilados de Santa Maria, a idade. Turistas.


36 anos. Leio estes ilustres blogs ( blogues?) marienses e reconheço que só conheço dois ou três dos seus autores.
Passeio nas ruas de Vila do Porto ( que são minhas como se sabe) e quase não conheço ninguém. Quem são estas pessoas ?
Na praia confundem-me com um qualquer japonês. Um primo distante diz que não, que é canadiano ou americano. Suspeitam que serei turista. É a idade a não perdoar.
Da minha primeira classe ( na melhor escola primária de Vila do Porto) não sei de mais de metade dos meus ilustres colegas. Onde andam ? Serão turistas ? Estarão a caminho ?
Pelos vistos o programa "Saudosismos" transmitido ontem no Asas teve o seu efeito, pelo menos a julgar pelo aparecimento de novos Blogues e bloguistas - Benvindos aos novos.
Contudo, a forma de não banalizar a blogosfera será, com diz o Nuno e bem, dando-se a conhecerem.`
É, sem duvida, muito mais interessante trocar ideias, discuti-las, discordar, opinar, enfim... botarfaladura com um interlocutor que se conheça, até por uma questão de respeito.
Ah, e já agora, tentem manter uma certa assiduidade, se possivel.
Parabéns Nuno.
Pelo adiantado da hora ainda não te foi comunicado, mas nas realidade és o pai de mais um blog cagarro.
Foi baptizado com o nome de VaiPorMim.
Como a criança foi concebida durante o programa "Saudosismos", terá vários padrinhos: o Toni, o Caveirex, o ET, o Ricardo e eu próprio.
Mais uma vez, Parabéns...compadre.

quinta-feira, janeiro 08, 2004

Estou a ver que estes Bloguistas Marienses trabalham até tarde... ou não fôssemos nós cagarros.
Aproveito esta minha "posta" para corroborar da ideia do Tó João, de que temos que ser nós os "donos" do nosso destino.
Há que deixar de andar a reboque dos outros e tomar as rédeas do futuro da Ilha.
Concordo, e sempre defendi, que há que potênciar aquilo que é verdadeiramente nosso, que nos identifica e ao mesmo tempo nos distingue.
Aproveito também para cumprimentar o Toni, recém chegado a este forum, e pelo excelente "post" apresentado.
Espero que a Blogosfera funcione como motor de arranque para uma discussão, séria e profunda, dos problemas da Ilha, trazendo soluções, ideias, e contributos para tal.
Só depende de nós !

Já cá estou também!
Este agradável serão a falar de blogs e daquilo que nos leva a criar e manter um espaço como este, convenceu-me decisivamente a, finalmente, vir aqui cumprimentar os “olhometristas”… e os “olhometrados”, igualmente.
Já foram aqui apresentadas algumas questões pelo Nuno Barata, Paulo Parece e pelo AJC que me interessam bastante. No entanto, e porque hoje (ontem) estivemos a gravar o programa sobre a blogósfera mariense e não só, no Asas do Atlântico, venho expor 1 ou 2 pontos sobre aquele clube - “a mais importante instituição privada de Santa Maria e uma das mais conceituadas nos Açores e no País”( # posted by fogotabrase - Sexta-feira, Dezembro 26, 2003)

Em primeiro lugar, gostaria de lamentar que Santa Maria tenha deixado fugir a “potência” que a frequência 1566 dava à nossa ilha, pois, permitia que as simpaticíssimas “bacoradas” do António Valente chegassem às Flores, o que nos dava uma dimensão realmente atlântica e pan-azorica.
Mas, principalmente quero felicitar estas últimas direcções do clube pelo esforço, dedicação e sucesso na reconstrução das estruturas físicas e financeiras do clube. No entanto, gostaria de apelar para que não permitam que este esforço em realizar obra que tardou em ser feita no passado, vos impeça de ser ambiciosos e audaciosos no presente.
Na realidade, Santa Maria reserva para Clube Asas do Atlântico um papel importante na sociedade mariense através da sua rádio, das actividades culturais e do desporto. A qualidade e a amplitude das consequências desta função social na sociedade mariense será reflectida propocionalmente à pertinência e eficácia das acções do Clube Asas do Atlântico.
ps. Voltarei ao assunto.
"azormonteiro"
Modas e provincianismo

É verdade Paulo Henrique, Santa Maria ao longo dos últimos trinta anos ainda espera. E é nesse esperar que ficamos sem saber se é fatalidade ou se são vícios humanos.

Vejo que muitas vezes a ilha é vítima das modas, sem liderar o processo de escolha, das opções.
Por exemplo: se temos autarcas açorianos a reclamarem por marinas, sei que alguns meses depois as forças políticas da ilha vão pedir uma marina. Se temos campos de golfe em projecto nas outras ilhas, é certo e sabido que também se irá exigir a mesma coisa. Existe um fenómeno de imitação. Não digo que está errado o golfe ou a marina, mas percebe-se que são imposições do exterior, provavelmente de moda, sem critérios ou pressupostos.

Acredito, assim, que Santa Maria tem características próprias e que para inovar terá de abandonar o provincianismo ainda reinante. Provincianismo de vários dos seus legítimos representantes.

quarta-feira, janeiro 07, 2004

Em primeiro lugar, gostaria de cumprimentar o Tó João e o Barata pelos excelentes"posts" com que nos tem brindado e que deverão ser objecto de reflexão e discussão pela sua actualidade e pertinência. De facto, à muito que Santa Maria necessita de um sério debate de ideias, e de um abanão nas mentalidades que creio, poderá ser iniciado neste forum.
A verdade é que ainda hoje Santa Maria continua à espera do "messias" que possa resolver todos os problemas e proporcionar um melhor futuro. Foi assim no passado e continua a ser no presente. O caso Covaneiro é talvez o mais emblemático pelas proporções que tomou; tirando o facto de se tratar de um esquema de burla, o certo é que na sua essência o projecto era de tal forma abrangente que revitalizaria todos sectores de actividade da Ilha. Actualmente são os chamados "Projectos Integrados de Desenvolvimento" de que os politicos tanto gostam de referiri e apregoar.
E Santa Maria continua à espera...
Da iniciativa privada, poucos são os projectos e quando os há..." é ave a abater. Quer bater asas sozinho! Nem pensar! "
Do poder local: Nada! um autentico deserto de ideias e acções.
Eu vivo cá, e também "não entendo o fascínio eleitoral de tanta incompetência. Preguiça ?"
Tal como à trinta anos os Marienses continuam a viver numa passividade total, continuando à espera de um "D. Sebastião" que teima em surgir do nevoeiro .
"botafaladura"


Filmes que vi e recomendo

Foi a ver cinema no velho Cine-Baptista ( agora um supermercado), de Vila do Porto, que sabia quem eram os maus e os heróis. Foi no Cinema do aeroporto que vi os refúgios de todas as eternidades.


terça-feira, janeiro 06, 2004

Algumas notas. Ainda sobre o poder político em Santa Maria. Memórias do Covaneiro

Existe o culto da reverência, uma certa veneração ao poder, como chave milagrosa para quase tudo. E a ironia é que por vezes, com a pobreza cultural que temos, é mesmo o poder político que resolve ou tenta resolver as coisas. Esta intervenção na justiça que assistimos nos últimos tempos, é um bom exemplo. Concordo, pois, com o Nuno Barata, a questão não é só de Santa Maria. Só que em Santa Maria, tem um cheiro mais acutilante.

Por vezes fala-se nas consequências do salazarismo e esquece-se que é nesta ausência de sociedade civil que reside esta menoridade cultural. O nosso povo fica à espera, talvez à espera dos milagreiros.

Referi o Covaneiro como modelo. Para quem não se lembra, o Covaneiro foi um vendedor de banha da cobra que apareceu em Santa Maria nos anos setenta. Ia revolucionar a ilha, produzir, desenvolver e sobretudo industrializar.
Covaneiro apresentava-se como doutorado em várias coisas, sendo especialista em acções mobiliárias populares. Em poucos dias já tinha celebrado contratos promessa com metade da ilha. Comprava tudo, por coincidência a crédito. Lembro-me que a minha avó Sofia, ainda lhe tentou impingir a Friagem ( hoje BCA), mas sem sucesso.
A loja do senhor Victor Cordeiro ( hoje Caixa Geral de Depósitos) era a sede, tendo um letreiro gigante que dizia qualquer coisa como «Urbiprojecta». Todos na ilha o queriam o conhecer, apertar a mão, ser seu amigo. A única coisa estranha, talvez suspeita, é que as pessoas de Santa Maria tinham de comprar uns títulos das empresas (futuras) do Covaneiro. Grande investimento, diziam alguns.
Bem, como se percebe, um dia o Covaneiro desapareceu, quase tão de repente como tinha aparecido e dos títulos da riqueza, das acções, ficou o que se sabe.
Como este mundo é feito de coincidências, outro dia, fiquei a saber que Covaneiro está vivo e cheio de projectos. Presumo, pois, que a Câmara Municipal de Vila do Porto, naquele seu estilo habitual, já deverá ter preparado uma recepção condigna, talvez um estudo feito por alguma empresa de consultadoria internacional...Uma homenagem ?
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Sobre o poder político em Santa Maria
(ideias e dúvidas não definitivas, prematuramente provocatórias):

1) Criou-se a mistificação de uma certa participação democrática: o PS, mesmo se apresentar um asnático com propostas labregas (expressão que em Santa Maria não é tão pejorativa como parece), dá a sensação que ganha sempre. Os velhos ódios da «política aérea» contra João Bosco ( eu assisti à sova com o guarda-chuva!) ficaram de tal maneira enraizados que o PS, mesmo se etilizado programaticamente, esmaga. O que desejo dizer é que o «velho» PS mariense era mais bem preparado culturalmente e não teve muito sucesso eleitoral. A geração «socialista» mariense dos últimos anos é o que se vê e ganha. E o actual PS cheira a mofo, como se sabe, sem grande renovação.

2) A oposição fica a meio caminho. Não se reconhece com uma cara vencedora, apresentando tiques de algumas culpas pelo passado nada famoso em torno da defesa da ilha. Ao longo dos anos foi perdendo chama e não se empenhou naquilo em que o poder socialista mais falhou em Santa Maria: uma visão cultural onde se apostasse no desenvolvimento económico da ilha através da iniciativa privada e não com os velhos expedientes do favor, conhecimento, do jeito.

3) Por vezes vejo alguns ( sobretudo os mais veteranos) políticos da minha ilha actuando no que designo como o estilo político género «Covaneiro, fazemos tudo, desde que nos eleja». Vejo nada. Como vivo fora não entendo o fascínio eleitoral de tanta incompetência. Preguiça ?
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segunda-feira, janeiro 05, 2004

AJC é da responsabilidade da máquina, mas é simpático e lembra uma qualquer marca de DVDS em Tóquio. O A é de António, o J de João e o C de Correia. Prometo escrever muito sobre Santa Maria, pois existe até quem diga que eu não sei fazer outra coisa...
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domingo, janeiro 04, 2004

Ilustres conterrâneos,

Cheguei por acidente de pesquisa ao vosso «blog» ( parabéns por esta iniciativa !).

Como sou um produto de Santa Maria, ainda que exilado, atrevo-me a enviar alguns comentários, obviamente pessoais.

Vejo a «minha» ilha como o produto sentimental de uma melancolia assustadora e lido com as memórias da minha infância mariense, como se lidasse com a ilha em forma humana. Quanto tento criar personagens de ficção, todas elas nasceram ou morreram entre as ruas Dr. Luís Bettencourt e Teófilo Braga. É, Santa Maria exerce um fascínio absoluto, como se fosse a extensão da memória, das colectâneas dos afectos. É uma ligação que conheço em outras pessoas, como se esta ilha viciasse os comportamentos na percepção das coisas. Santa Maria é, pois, a verdadeira ilha dos poetas e dos seus leitores.

Não gosto do modelo de desenvolvimento de Santa Maria.

Algures entre os compadres partidários dos copos, espertos de ocasião, aventureiros com visão subsidiada, zonas francas patéticas, invasões de mochilas às costas, fumadores de charros com sandálias pretas de peúgas brancas e ultimamente foguetões virtuais, fica a sensação que se continua a viver à espera de um «Godot» que resolverá as questões da ilha por milagre ou em situação de urgência, por decreto. Não percebo a razão pela qual não são as pessoas de Santa Maria e os que lá vivem a liderarem o seu destino, com qualidade e sobretudo com uma ideia de modernidade que não obedeça ao modelo «pimba» em vigor, tão do agrado da maior parte dos nossos autarcas e governantes.

sexta-feira, janeiro 02, 2004

Era grande a minha espectativa, a julgar pelo que me tinham dito, acerca do fogo de artificio da passagem de ano. Disseram-me - fontes bem colocadas - que este ano seria o dobro do "fogo" e que seria um espectaculo de arromba, mas afinal "a montanha pariu um rato", ou melhor o Pico do Facho é que o pariu !
E não sou só eu a pensar assim, pelo que tenho ouvido e me apercebido, parece que todos acharam o mesmo.
Parece mesmo que já nem "fogo de vista" consegue convencer os Marienses!
Como não somos "tolos", não nos enganam nem com papas nem com bolos.
O mesmo é dizer, que mesmo sendo socialistas não se lhes tapam as vistas!