domingo, janeiro 04, 2004

Ilustres conterrâneos,

Cheguei por acidente de pesquisa ao vosso «blog» ( parabéns por esta iniciativa !).

Como sou um produto de Santa Maria, ainda que exilado, atrevo-me a enviar alguns comentários, obviamente pessoais.

Vejo a «minha» ilha como o produto sentimental de uma melancolia assustadora e lido com as memórias da minha infância mariense, como se lidasse com a ilha em forma humana. Quanto tento criar personagens de ficção, todas elas nasceram ou morreram entre as ruas Dr. Luís Bettencourt e Teófilo Braga. É, Santa Maria exerce um fascínio absoluto, como se fosse a extensão da memória, das colectâneas dos afectos. É uma ligação que conheço em outras pessoas, como se esta ilha viciasse os comportamentos na percepção das coisas. Santa Maria é, pois, a verdadeira ilha dos poetas e dos seus leitores.

Não gosto do modelo de desenvolvimento de Santa Maria.

Algures entre os compadres partidários dos copos, espertos de ocasião, aventureiros com visão subsidiada, zonas francas patéticas, invasões de mochilas às costas, fumadores de charros com sandálias pretas de peúgas brancas e ultimamente foguetões virtuais, fica a sensação que se continua a viver à espera de um «Godot» que resolverá as questões da ilha por milagre ou em situação de urgência, por decreto. Não percebo a razão pela qual não são as pessoas de Santa Maria e os que lá vivem a liderarem o seu destino, com qualidade e sobretudo com uma ideia de modernidade que não obedeça ao modelo «pimba» em vigor, tão do agrado da maior parte dos nossos autarcas e governantes.